Quarta, 24 de Abril de 2024

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Roxael de Souza Pinto

Roxael de Souza Pinto
Resumo Biográfico
Nome de Guerra Pinto
Patente/Registro 3º Sargento / N/D
Nascimento 28/10/1916, Moeda (MG) - Brasil
Falecimento 17/01/1987, Rio de Janeiro (RJ) - Brasil
Função Mecânico
Promoções N/D
Condecorações Campanha da Itália e Presidential Unit Citation (EUA)
Treinamento N/D
Família Casou-se com a Sra. Iracilda Pereira Pinto e tiveram 3 filhos: Edson Pereira Pinto, que lhes deu 3 netos (Leonardo, Bruno e Felipe) e uma bisneta Isabella, filha de Bruno; Celma Pereira Pinto de Morais, que lhes deu 2 netos (Patrícia e Rodrigo) e 3 bisnetos; e Regina Pereira Pinto de Morais, que lhes deu 3 netas (Marina, Cristina e Carolina)

História

Voltou da guerra, casou-se com a Iracilda e imediatamente deu baixa para se tornar um fazendeiro, diga-se de passagem, sem grande êxito, poucos anos depois. No início dos anos 50 muda-se para Belo Horizonte, monta seu próprio comércio e cria os filhos. Em final dos anos 60 consegue se reincorporar a FAB com imediata passagem para a reserva no posto de Tenente.

Ele fugiu de sua casa, uma família católica e trabalhadora, 15 irmãos, no interior de Minas, aos 16 anos de idade, no início dos anos 30 e caiu no mundo sem dar a menor satisfação, nem aos pais, nem aos irmãos, nem aos amigos. A família ficou totalmente sem notícias dele até que, em 1944, quando o Brasil preparava-se para enviar soldados para a II Guerra, resolve investigar onde estaria o Roxael, o filho desgarrado. Com a ajuda de autoridades da pequena cidade de Moeda, MG, descobrem que ele havia entrado para a carreira militar e servia à Força Aérea Brasileira, a FAB, naquele momento, no Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro. Estaria - souberam os parentes - incluído no primeiro grupo de militares brasileiros prestes a ser enviado à Itália. Corre-corre da família, até que o seu irmão mais velho, Tolico, vai ao Rio e o convence a voltar à sua cidade natal e, assim, reatar os laços familiares e também se despedir antes de ser enviado à Guerra. Foi o que aconteceu. Ficou dois dias em Moeda, tornou-se a atração da cidade, pois era o único militar da região com tão nobre tarefa, ou seja, a de servir ao país. E, além disso, apresentou-se trajando com orgulho a bela farda da FAB e as insígnias de sua gloriosa Corporação, o que dava àquele rebelde fugitivo a áurea própria dos vingadores. Nessa curta visita a sua terra natal conhece de soslaio sua futura esposa Iracilda, 15 anos, a mais linda donzela da cidade e com 13 anos a menos do que ele. E, sem nem mesmo terem trocado uma palavra sequer, brota em seu coração uma paixão platônica que lhe dá animo para superar, como muito outros heróis brasileiros companheiros dele também superaram, as dificuldades encontradas nos gélidos e hostis campos da Itália. Era um homem adorado pelos amigos, mas com uma característica totalmente fora de moda, mesmo naquela época: Tinha como discurso e gostava de agir com total desprezo às coisas materiais. Queria que os filhos estudassem, mas abominava toda manifestação que seus filhos faziam de qualquer progresso material. Achou um absurdo quando o filho mais velho comprou o primeiro carro. Televisão a cores em casa, só quando os filhos compraram, sem autorização dele, pois para ele era um luxo desnecessário. Quando um amigo pedia ajuda lá estava ele - não emprestando - mas dando o que tinha e o que não tinha. Jeito peculiar, raro, mas verdadeiro. Nunca tinha ficado doente de forma séria, mas fumava sem limites. Acometido de um enfisema pulmonar, passou os três últimos meses de sua vida internado no Hospital da FAB, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro. Um dia, disse ao filho mais velho após o mesmo ter lhe dado uma bronca após o enfermeiro ter lhe aplicado oxigênio para propiciar uma melhor respiração, e ele tirar escondido do fundo do armário um cigarro para fumar: "- Não se preocupe meu filho, já estou com 70 anos e nas minhas contas, desde que passei dos 60, estou na faixa do lucro." Isto mostra o quanto ele - mesmo sendo um típico “cabeça dura” - foi valente e conseqüente com o seu modo de ser. Não teve medo do mundo que enfrentou sozinho quando fugiu de casa e ficou 12 anos desaparecido fazendo, ainda garoto, a própria vida. Depois, quase é enviado, anônimo, para a guerra. Em lá estando, manteve-se disposto a sacrificar a própria vida pelos ideais de democracia, e depois, quando a vida ainda poderia lhe dar mais compensações, ele achava que já tinha recebido mais anos do que merecia. Era, de fato, um desprendido, um altruísta na expressão da palavra e no sentido estrito do termo: amava o próximo mais do que a si mesmo...