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Arte criada por Rick Nunes para comemorar os 65 anos do 1º Grupo de Aviação de Caça. Crédito: BASC


18 DEZ 2008
- Criado em 18 de dezembro de 1943 pelo Decreto nº 6.123 e sediado na base aérea de Santa Cruz, Rio de Janeiro, o 1º Grupo de Caça (1o GAVCA) passou os primeiros 18 meses de vida longe de sua casa. Primeiro no Panamá e EUA, recebendo treinamento para juntar-se aos aliados no front italiano na luta contra o nazismo. A partir de 4 de outubro de 1944, no próprio campo de batalha.

As 11h00, membros do 1o GAVCA, veteranos e convidados reuniram-se em Santa Cruz para comemorar o 65º aniversário da unidade. Representando o grupo que atuou na Itália durante a Segunda Guerra, estiveram presentes o brigadeiro José Rebello Meira de Vasconcelos - um dos três pilotos ainda vivos -, capitão Osias Machado da Silva, tenente José Varela (chefe da equipe de mecânicos do avião B-2 da esquadrilha amarela) entre outros. A solenidade contou ainda com a presença do brigadeiro do ar Gerson Nogueira Machado de Oliveira, comandante da III Força Aérea, responsável pelas aviações de caça e de reconhecimento da FAB.

Após a solenidade os convidados foram para o hangar do Grupo, onde houve um coquetel e o lançamento do livro Diário de Guerra do brigadeiro Rui Moreira Lima, narrando todas as 94 missões realizadas por ele durante a campanha da Itália. O trabalho foi organizado pelo historiador Fernando Mauro e pelo próprio filho do brigadeiro, Pedro Luiz e editado pela Adler.

Em nome de seu pai, Pedro Luiz falou aos presentes:

"Estou na Base Aérea de Santa Cruz, onde meu pai foi comandante, e com 12 anos aprontei algumas boas aqui. Feliz e realizado em ter colaborado na feitura deste livro e prestando uma homenagem ao meu pai. O pai esta no hospital se recuperando de um ataque de herpes, felizmente seu estado de saúde e emocional é muito bom. Pediu-me para dizer algumas palavras:

  1. Alegria de ter seu livro lançado em sua casa na Base Aérea de Santa Cruz, onde seguiu toda sua carreira militar.
  2. Aos jovens da FAB que hoje defendem a AMAZÔNIA, seu profundo respeito e carinho.
  3. Lembrar que o verdadeiro grito da caça é um só: "SENTA A PUA – BRASIL!" vindo do campo de batalha, de luta e de sangue – SENTA A PUA – BRASIL!

Quero deixar meu carinho às pessoas que sempre convivi e aprendi a reverenciá-las, Meirinha, Miranda Correa, Spindola, Dr.Furtado e Guizan hoje internado no HFAG e que brevemente estará entre nós.

A todos os veteranos aqui presentes meu profundo respeito e um beijo a cada um de vocês. Quero agradecer ao Luis Gabriel pelo seu site SENTANDO A PUA de vital importância na edição do Rui Moreira Lima – O Diário de Guerra, rendendo também homenagem ao seu pai David que deu início a este site maravilhoso.

Chamo agora o professor e historiador Fernando Mauro amizade que se iniciou nos almoços e reuniões do Grupo de Caça. Seu carinho e amor ao Brasil especialmente na história militar fazem dele um mestre nesta aérea. Foi o responsável por 95% do livro, pesquisando exaustivamente todos os documentos a fim de dar credibilidade ao Diário de Guerra. Junto ao pai foi mostrando a importância do Diário na história militar brasileira, enfim convencendo ao pai sua divulgação ao público.

Obrigado Mauro, sem seu entusiasmo, conhecimento e principalmente a paciência a cada modificação que Brigadeiro sempre fazia, o livro não teria saído."


Fernando Mauro, disse as seguintes palavras:

"O diário de guerra do Tenente Rui teve seu início com uma tragédia – o prematuro falecimento de verinha, 2ª filha de rui e Julinha em 1948 –  e com o coração dilacerado o jovem casal refugiou-se,  com sua filha Sonia, em uma praia habitada apenas por pescadores na costa maranhense e lá o jovem 1º tenente dá inicio a narrativa. Porem, achando  que o esforço não valeria a pena parou na 42ª missão.

59 anos depois  uma tragédia abate-se sobre minha família – perco prematuramente minha filha Catharina em seus belos 15 anos - e o diário veio parar nas minhas mãos através de seu filho Pedro Luiz .

Quando deparei com o material rico. Tratei de falar com o Brigadeiro Rui sobre a importância dos seus escritos para a história do Grupo de Caça e da história militar brasileira. Sem esperar um sinal positivo da velha águia tomei as cadernetas de vôo e o diário e pus-me ao trabalho epistemológico e hermenêutico dos documentos.

Agora 60 anos passados o diário cumpriu o seu destino. Ele esta finalmente completo e  deixando em mim um misto de sentimentos:   inveja dos jovens que cumpriram o dever; orgulho de olhar nos olhos de todos os veteranos do 1º Grupo e dizer obrigo por existirem e saudades dos momentos que não passamos juntos como: no embarque, no adestramento em Aguadulce, nas madrugadas frias e saudosas do lar... primeiro em Tarquínia  depois em Pisa... Como gostaria de estar na sala de operações vendo Miranda Correa, Paulo Costa, Espinola  e Osias trabalharem as missões realizadas  no dia e as que seriam realizadas no dia seguinte; Varela e a turma da graxa preparando as ‘garças” para sentarem a pua no inimigo ou as recebendo para curar suas feridas e deixando-as como saídas da linha de montagem para novas surtidas; ajudar o Braga e a turma do armamento a alimentar as .50; tirar a guarda junto com o Ferreirinha protegendo a Base o seu precioso  material humano.

Gostaria de lembrar as palavras do Cel. Desosway ao Cel. Nero quando pede para o segundo tomar  muito cuidado com o jovem Tenente Rui, pois para ele, o jovem Tenente, era o espírito do 1º Grupo. Disosway não estava enganado ...  Rui Moreira Lima é a vivificação do 1º Grupo de Caça e das suas tradições.

O que melhor sintetiza o homem e o militar  Rui Moreira Lima  são as palavras do grande dramaturgo alemão Bertold Brecht:

Há homens que lutam um dia e são bons;
Há outros que lutam vários dias e são melhores;
Há aqueles que lutam vários anos e são excelentes;
Mas existem aqueles que lutam a vida inteira esses são imprescindíveis."


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